Thursday, November 03, 2005

Desordem
O que o vento sopra uivante
Deixando o rastro de sua lembrança dissimulada
desliza ao rumo turvo e distante
Prelúdio de lágrimas e gotas carregadas.


Poeira que sobe, o cheiro da terra
Trovoadas profetizam o desprender de um mundo
O assovio das folhas a porta que bate
Um grito ecoa e um choro ao fundo.


Na calada da tarde a noite se forma
Ligeira e espaçosa com toda presença
Os bichos se assustam e desatam a correr
Desordem na terra e na ordem descrença.


O gelo se forma caindo voraz
queimando a mata e o pão da criança
Das gotas pesadas fazem-se rios
lavando e levando qualquer esperança.


Em tão pouco tempo tamanho estrago
Um bem-te-vi anuncia a vida
E faz algazarras esquecendo as dores
Quando raios de luz desabricham em flores.