Tuesday, August 20, 2002

Noites de Morfeu

Pode o dia com toda sua luz mudar
E a noite entre seus reflexos continuar
a mostrar a quietude reservada de nós mesmos
Resguardados no desejo da luz de novo ver
Ou da Escura névoa tiramos nosso viver?

A mente instiga ao cessar dos olhos meus
Quando passo a ver teus mudos passos
Ou de outrem abafados em meu lençol
Escutando junto ao frio de meu solitário suor
Nossos passos encerrados sob aquele Por-do-Sol

Ah Morfeu por que não me carregas
Para um mundo ao qual sentisse a liberdade
De longe estar de certos braços de amor
Que agora só me abraça e me traz a dor?

Talvez de teu mundo não quisesse mais voltar
Talvez nos sonhos fizesse meu real sonhar
A vida que não posso ter ao escutar
Teus mudos passos que teimam em passar

A febre que toma meu corpo inteiro
Nas noites em que teu nome chamo
E somente o vento me responde forte
Gélido sopro que me traz a morte
Acendendo a chama de minha estranha sorte

São tiros na violenta madrugada
Gatos miando debaixo da escada
Gotas de uma torneira mal fechada
E mudos passos que teimam em passar

São minutos que se parecem horas
E estas uma nova vida a suplicar
a Morfeu dos novos passos que eu quero dar
De um novo mundo que teima em não chegar.